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3º Grau Indígena é destaque em encontro sobre educação superior no México
3º Grau Indígena é destaque em encontro sobre educação superior no México
08/10/2003 09:32:06
por Coordenadoria de Comunicação Social

O projeto 3° Grau Indígena da Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat, foi destaque no Segundo Encontro Regional sobre Educação Superior dos Povos Indígenas da América Latina, realizado no México. Promovido pelo governo mexicano e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o evento reuniu representantes de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas que desenvolvem projetos com os povos indígenas, organizações não governamentais (ONGs) e lideranças indígenas de 11 países da América Latina e do Canadá, de 24 a 26 de setembro.

O Brasil esteve representado pelo professor da Unemat, Elias Januário, coordenador do Projeto de Formação de Professores Indígenas (3º Grau Indígena), que contempla 200 professores-índios, atuando em escolas indígenas do ensino fundamental e médio de Mato Grosso e outros estados. O 3º Grau Indígena foi concretizado por meio de uma parceria entre a Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat, a Secretaria de Estado de Educação, Seduc, e a Fundação Nacional do Índio, Funai, com apoio da Prefeitura de Barra do Bugres, da Fundação Nacional de Saúde, Funasa, e do Ministério da Educação, MEC.

Tudo isso foi apresentado por Elias Januário ao público do Segundo Encontro Regional sobre Educação Superior dos Povos Indígenas da América Latina, com o auxílio de equipamento de data-show, no dia 25 de setembro. Segundo o professor, a reação da platéia não poderia ter sido melhor. "O Brasil foi o único país que apresentou uma proposta de formação de professores indígenas já em andamento. Os representantes dos outros países ficaram surpresos de ver que estamos colocando em prática as idéias que eles ainda estão discutindo do ponto de vista teórico", comentou o coordenador, demonstrando a sua própria surpresa de constatar o avanço brasileiro em relação a outros países da América Latina.

Nesta terça-feira (07/10), o coordenador do 3º Grau Indígena apresentou os resultados positivos do encontro no México ao secretário adjunto de Política Educacional da Seduc, Antonio Carlos Maximo, que sinalizou com a possibilidade de abertura de novas vagas para a formação superior de professores indígenas e também da realização em Mato Grosso de um evento internacional sobre o tema no início de 2004.

Formação em Serviço

Outro ponto que surpreendeu os participantes do encontro realizado no México foi o fato do 3º Grau Indígena ser financiado pelo governo. "Eles acharam incrível que a educação indígena faça parte da política pública do estado", frisou Elias Januário. Outro aspecto destacado após a apresentação da experiência mato-grossense foi a forma como o projeto acontece, com etapas presenciais, realizadas no campus da Unemat em Barra do Bugres, 160 Km da capital, e etapas de estudos cooperados de ensino e pesquisa, onde os acadêmicos desenvolvem atividades de ensino e pesquisa em suas aldeias.

“Eles ficaram fascinados ao constatar que no Brasil o índio vai à Universidade e esta também vai até ele", disse Januário, referindo-se à presença da coordenação e de professores do 3º Grau Indígena nas aldeias durante as etapas intermediárias. "Nós estamos conseguindo proporcionar formação superior aos professores-índios sem retirá-los das aldeias", acrescenta.

Com duração de cinco anos (2001-2006) o Faculdade Indígena oferece cursos nas áreas de Línguas, Artes e Literaturas, Ciências Matemática e da Natureza, e Ciências Sociais.

Em conseqüência do modelo adotado, o índice de evasão dos cursos é praticamente nulo. Dos 200 índios que começaram o curso em 2001, somente dois desistiram, enquanto o percentual de desistência nos outros países é de aproximadamente 60%. Além disso, segundo o coordenador, nas nações em que os índios estudam em universidades convencionais, somente 10% dos formandos retornam às suas aldeias. "No Brasil, trabalhamos com a formação do professor numa perspectiva coletiva, já que ele não perde a ligação com a sua aldeia, nem se afasta do seu trabalho como professor de ensino fundamental e médio", afirmou.

Rede virtual

O Segundo Encontro sobre Educação Superior dos Povos Indígenas na América Latina teve o propósito de dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos no primeiro encontro, realizado na Guatemala, em abril de 2002. O evento contou com a participação de representantes da Guatemala, Equador, Nicarágua, Costa Rica, Argentina, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Chile, Canadá, México e Brasil.

Além do intercâmbio de experiências em desenvolvimento nos países presentes, o encontro permitiu uma discussão sobre a necessidade de se construir uma parceria entre os indígenas, o estado e o apoio institucional, procurando aperfeiçoar as políticas de ensino superior voltadas às populações indígenas.

Vários encaminhamentos foram tirados do encontro, de acordo com Elias Januário. "O evento foi considerado um marco na reflexão e intercâmbio na América Latina e Caribe sobre a Educação Superior para os povos indígenas, tanto pela presença de especialistas, lideranças e representantes de instituições, como pelo alto nível das discussões", observou o coordenador, que, na qualidade de professor da Unemat está à frente do 3º Grau Indígena desde a criação do Projeto. Ele informou ainda que será construída uma rede virtual entre os participantes do Encontro para a troca de informações e o estabelecimento de parcerias.

Martha Baptista-Seduc

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